quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O PVC e a saúde humana

Dos plásticos comuns, o PVC é o maior problema ambiental. É o mais resistente à degradação (em condições normais, pode durar 400 a 500 anos) e sua combustão ou lenta decomposição - como a de qualquer outro produto orgânico clorado - pode gerar dioxinas e milhares de outras substâncias de propriedades mal conhecidas, mas capazes de permanecer décadas ou séculos no ambiente, o que também ocorre com os plastificantes que tornam o PVC utilizável (notadamente os ftalatos). Além disso, a diversidade das formulações desses plastificantes e de outros aditivos - que constituem 5 a 20% de sua massa - faz com que a reciclagem do PVC seja problema semelhante a reciclar plásticos misturados, originando um material de baixa qualidade com aplicações limitadas. Na prática, essa reciclagem nunca passou de projeto-piloto e parece ser economicamente inviável.

Dioxinas e furanos resultantes da combustão ou decomposição do PVC (e de outros produtos organoclorados), assim como ftalatos utilizados na sua formulação têm sido detectados no mar, lagos e rios, na chuva, solo e sedimentos de todo o globo - um documento do Greenpeace classifica o plastificante DOP ou DEHP, que representa 90% da produção mundial de ftalatos, como o mais abundante dos poluentes ambientais. Por resistirem décadas ou séculos à degradação, tais produtos são reconhecidamente poluentes orgânicos persistentes (POPs), mas ainda há polêmica quanto ao seu exato impacto ambiental. Muitos estudos têm apontado correlações de algumas dessas substâncias com perturbações do sistema hormonal de seres vivos, o que os qualifica como EDCs (endocrine-disrupting chemicals, em português, Pertubações Endócrino-Químico). Não só prejudicam a reprodução de espécies selvagens, como também provocam disfunções da sexualidade humana, efeitos que têm sido verificados com concentrações extremamente baixas e às vezes com efeitos sinérgicos (sua mistura no ambiente tem efeitos maiores que a soma dos efeitos individuais). Entretanto, os mecanismos dessas perturbações ainda não são foram inteiramente compreendidos, o que ainda permite dúvidas quanto à existência de uma relação de causa e efeito.Também têm sido levantadas correlações, menos conclusivas, entre esses produtos e certas formas de câncer e problemas neurológicos.
Cerca de 12% dos produtos de PVC têm ciclo de vida de até 2 anos, 24% de 2 a 15 anos e 64% de 15 a 100 anos. O primeiro grupo, que inclui principalmente embalagens e produtos descartáveis de PVC flexível, é o que inspira preocupações mais imediatas aos ambientalistas, não só pela vida curta e maior presença no lixo domiciliar, como também por utilizar maior concentração de ftalatos. Suécia e Dinamarca estão estudando restringir ou banir por etapas o PVC flexível, em muitos casos facilmente substituído por polietilenos ou PET. Entretanto, mesmo nesse grupo existem aplicações onde a resistência do PVC é praticamente insubstituível, como em certos usos hospitalares (bolsas de soro e sangue, sondas etc., que usam o ftalato DOP). Nas aplicações de maior durabilidade - principalmente construção civil - a substituição do PVC por outros plásticos comuns é mais difícil e a alternativa é freqüentemente o retorno a materiais mais tradicionais e mais caros; ainda assim, algumas municipalidades européias já restringem o uso do PVC como material de construção.

A solução é combinar soluções

A minimização dos problemas ambientais ligados a plásticos será, provavelmente, o resultado de uma combinação de diversas soluções: reciclagem, biodegradabilidade, incineração controlada, restrições ao uso de certos plásticos e aditivos e sua substituição gradual por outros produtos mais degradáveis ou mais recicláveis (o que tem favorecido principalmente o PELBD e o PET)


by: Ramon Brandão

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